Sim, tenho andado pouco tolerante e confusa.
O stress, o meu Eu, a saudade, o trabalho, a preocupação com o Kenzo... fez-me iniciar aquela manhã de Sábado como se estivesse à beira da loucura.
Toca o telefone; número privado e conversa de vendedor. Sinto as mãos trémulas ao olhar para a pilha de trabalho em cima da secretária. Estou a trabalhar, não tenho tempo, e não, o meu trabalho não é como o seu.
Então não é que o Sr. do outro lado da linha me diz: "Deus queira que a Sra. nunca tenha um trabalho como o meu".
Engoli em seco e senti o nariz a dar aquele sinal de quem vai desatar a chorar.
"Peço-lhe desculpa, tem toda a razão. Volte a ligar-me a partir das 18h e terei todo o gosto em ouvir a sua proposta".
Fiquei o dia inteiro a pensar nesta situação e em como não podia ter sido mais rude. Descontrolei-me e alguém que está apenas a tentar ganhar o seu ao fim do mês (independentemente da maçada que são estes telefonemas e da sua persistência), acabou por servir de saco de boxe. Apesar de eu saber que não tenho o perfil para tal, nem que fosse por última necessidade, podia ser o meu trabalho...
Na segunda feira ao final do dia, estive ao telefone durante cerca de uma hora. Tudo para dizer que não estava interessada, algo que sabia ser a resposta final desde o inicio. Mas ouvi... e senti-me mais feliz o resto da noite.
(sempre a aprender)