Recortes

Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar as opiniões, porque não me envergonho de raciocinar e aprender. Alexandre Herculano

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Tenho fases como a lua

Ouvi recitar parte deste poema e não resisti em pesquisar mais sobre ele.
É da autoria da poetisa brasileira Cecília Meireles que, ao que consegui apurar, tinha inclusivamente uma avó portuguesa.
Gosto destas palavras. Tocam-me, fazem-me contorcer na cadeira. Tudo porque não posso deixar de me identificar com o sentido das mesmas. É sem dúvida um jogo de palavras mais complexo do que à partida se pode julgar. Fica o registo.



Lua adversa



Tenho fases como a lua

Fases de andar escondida,

fases de vir para a rua...

Perdição da minha vida!

Perdição da vida minha!

Tenho fases de ser tua,

Tenho outras de ser sozinha.



Fases que vão e que vêm,

no secreto calendário

que um astrólogo arbitrário

inventou para meu uso.



E roda a melancolia

seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém

(tenho fases como a lua...)

No dia de alguém ser meu

Não é dia de ser sua...

E, quando chega esse dia,

O outro desapareceu...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Pequeno momento

Em atrevimentos de deusa, lancei feitiços para te conquistar.
Em odisseias de guerreiro, fizeste de tudo só para me amar.

Quis o nosso fado que muitos obstáculos emergissem só para nos testar.
Mas os nossos caminhos surgiram para se cruzar.
imagem: Carol Hayer, Warriors Love

sábado, 16 de janeiro de 2010

À chuva


Hoje apetecia-me libertar esta criança, saltar para o meio da rua e rodopiar à chuva. Não importa se estou de vestido, se uso saltos altos e se tenho ar de louca. Tudo o que importa é esta chuva a chamar por mim, a pedir-me que seja livre e que fique ensopada até tremer de frio.
Queria fazê-lo ao som daquela música, de olhos fechados, sem preocupações nem medos... tal e qual a cena de um filme, num misto de mim própria e de Gene Kelly, a transbordar de felicidade.
Apetecia-me mas não o faço...
...não hoje.
Deixo para outro dia... quando tiver aquela casa de campo.
Decido adiar mas não por vergonha, simplesmente porque não quero assistência nem interrupções. Quero que seja um momento só meu, apenas rodeada de árvores... Aí sim, ficarei livre, escorrida de pensamentos, limpa até à alma e feliz.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Help




Porque estamos todos juntos nesta esfera a que chamamos casa e porque amanhã podemos ser nós, nem que seja com 5 euritos, quem puder ajudar a AMI a chegar mais perto das vítimas do HAITI, deixe o seu contributo. Eu vou deixar o meu.

Para saber mais sobre este projecto, consultem o blogue da AMI.
Update: não deixem de passar pelo blogue do nosso super enfermeiro da blogosfera, pois ele ainda nos apresenta mais formas de ajudar. ;)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Momento do Elvis

Ainda vou a tempo de comemorar mais um aniversário do "rei".

Não sou uma fã devota como a Lilo, mas gosto muito desta voz forte aliada a uma sonoridade contagiante. Junto pois o útil ao agradável e partilho mais um dos "meus" clássicos de sempre. Daqueles que me fazem levantar o rabiosque da cadeira ou, simplesmente, abanar o pezinho (ahhh o quanto eu gostava de ter sido bailarina... shiu! É segredo)




quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Quem sabe um dia

Por mais que tente não entendo que tenhas escolhido viver assim... um ser à parte de nós.
Talvez tenha que te agradecer por um lado, pois se não fosses assim, eu não seria capaz de identificar os erros que devo evitar na construção do meu pequeno mundo.
Será este o teu caminho e daí todos à tua volta terão de se contentar, mas não seria bom que um dia acordasses e percebesses que nunca estiveste verdadeiramente aqui? Que percebesses que dar amor é mais importante que tudo e sentisses vontade de abraçar aqueles que sempre estiveram aqui... à espera?
Hoje eu percebo que nunca ouvirei de ti as palavras certas, que não poderei esperar mais do que aquilo que sempre nos deste. E quem me dera conseguir dizer-te que nos deste muita ausência e pouco carinho. Quem me dera conseguir explicar que existe a gratidão pelo que sempre tive, mas que o lado emocional desta relação ficou tantas vezes fragilizado... mas não consigo.
De ti herdei a honestidade no trabalho e, ao contrário do que provavelmente pensas, a humildade. Mas gostava de poder dizer mais. Gostava de saber que te orgulhas de nós, que nos amas e que te preocupas. Gostava que pegasses no telefone para dar uma palavra em vez de esperares que alguém o faça por ti. Gostava que tivesses feito questão em partilhar mais refeições e fins de semana connosco, de sentir aquele apreço e vontade em estar com aquilo que contribuíste para construir. Banalidades? Talvez, mas às vezes parecemos um projecto de construção que ficou esquecido a meio.
Mas como se pode questionar alguém que julga ter dado tudo o que havia para dar, que tem a certeza que trabalhou muito para que tal acontecesse?
Não posso exigir que saibas demonstrar aquilo que provavelmente não te foi demonstrado, mas a força de vontade é tudo e o amor deveria mover montanhas.
Se as lágrimas não me traíssem, talvez um dia fosse capaz de te dizer tudo isto. Entretanto, cada lágrima é uma lição para o futuro, para os meus próprios projectos. Há que seguir em frente, ainda que a vontade de alterar tudo seja muita. E no meio de tanta análise, permito-me a ter a certeza que, por mais que nunca o sintas, deverias ter muito orgulho destas quatro mulheres que passaram na tua vida, sendo que uma delas foi e será sempre o grande pilar desta família.
Quem sabe um dia...