
Este Universo é de facto curioso e, se há alturas em que parecemos rodeados de alegria, gente positiva e optimismo, há outras em que quase acreditamos que existe por aí uma placa de sinalização para nós próprios onde se pode ler: "livro de reclamações, aqui!"
Bem sei que isto é uma corrente que tem início em nós e, como tal, de acordo com o nosso estado interior, assim estará o que nos rodeia exteriormente. Mas ainda que sabendo tudo isto, sinto-me no direito de reclamar um pouco, não?!
Situações por resolver todos temos, afinal é para isso que cá estamos mas, ainda que me sinta num bom caminho, pressinto que os que me rodeiam precisam que o Pai Natal lhes dê uma mãozinha.
Sinto-me literalmente "sugada" por uma colega de trabalho que passa a todo o tempo a reclamar sobre uma situação familiar, mas nada faz para modificar o lamentável estado em que se encontra. Hoje está de rastos e farta de de tudo; amanhã anda com as pessoas ao colo e passa por mim como se não me tivesse relatado um montão de situações graves no dia anterior. Se ela ainda não está doida, eu para lá caminho à conta de tanta incongruência. Gosto dela e também me sinto triste com o que se passa, mas confesso que estou cada vez mais incrédula e com falta de paciência. Acho que já fiz o meu papel. Demonstrei apoio, coloquei-me à sua disposição e recordei-lhe o quanto é forte e independente o suficiente para colocar um ponto final nos acontecimentos. Agora sinto que nada mais tenho a dizer a aprender ou a ensinar. Sinto que isto não é normal e que este rodopio de emoções alheias me andam a tirar energia e a desgastar-me como se eu fosse parte integrante do elenco.
Então que fazer quando chegamos a este ponto?
Desligamos o botão. Trocamos as orientações à seta que indicava a nossa pessoa como o recipiente de despejar frustrações e tornamo-nos apenas num ser que ouve, compreende e deixa tudo como estava. Não questionamos, não opinamos, não levamos para casa. É claro que a seguir a tudo isto poderá surgir algum descontentamento por quem nos procura, mas o meu papel está feito. Se eu surgi na vida de alguém para lhe indicar algo e essa pessoa não entendeu, então tudo tem um prazo e a oportunidade passou. Eu soube que lição tomar e assim me liberto.