Recortes

Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar as opiniões, porque não me envergonho de raciocinar e aprender. Alexandre Herculano

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Quem sabe um dia

Por mais que tente não entendo que tenhas escolhido viver assim... um ser à parte de nós.
Talvez tenha que te agradecer por um lado, pois se não fosses assim, eu não seria capaz de identificar os erros que devo evitar na construção do meu pequeno mundo.
Será este o teu caminho e daí todos à tua volta terão de se contentar, mas não seria bom que um dia acordasses e percebesses que nunca estiveste verdadeiramente aqui? Que percebesses que dar amor é mais importante que tudo e sentisses vontade de abraçar aqueles que sempre estiveram aqui... à espera?
Hoje eu percebo que nunca ouvirei de ti as palavras certas, que não poderei esperar mais do que aquilo que sempre nos deste. E quem me dera conseguir dizer-te que nos deste muita ausência e pouco carinho. Quem me dera conseguir explicar que existe a gratidão pelo que sempre tive, mas que o lado emocional desta relação ficou tantas vezes fragilizado... mas não consigo.
De ti herdei a honestidade no trabalho e, ao contrário do que provavelmente pensas, a humildade. Mas gostava de poder dizer mais. Gostava de saber que te orgulhas de nós, que nos amas e que te preocupas. Gostava que pegasses no telefone para dar uma palavra em vez de esperares que alguém o faça por ti. Gostava que tivesses feito questão em partilhar mais refeições e fins de semana connosco, de sentir aquele apreço e vontade em estar com aquilo que contribuíste para construir. Banalidades? Talvez, mas às vezes parecemos um projecto de construção que ficou esquecido a meio.
Mas como se pode questionar alguém que julga ter dado tudo o que havia para dar, que tem a certeza que trabalhou muito para que tal acontecesse?
Não posso exigir que saibas demonstrar aquilo que provavelmente não te foi demonstrado, mas a força de vontade é tudo e o amor deveria mover montanhas.
Se as lágrimas não me traíssem, talvez um dia fosse capaz de te dizer tudo isto. Entretanto, cada lágrima é uma lição para o futuro, para os meus próprios projectos. Há que seguir em frente, ainda que a vontade de alterar tudo seja muita. E no meio de tanta análise, permito-me a ter a certeza que, por mais que nunca o sintas, deverias ter muito orgulho destas quatro mulheres que passaram na tua vida, sendo que uma delas foi e será sempre o grande pilar desta família.
Quem sabe um dia...

13 comentários:

Marisa Borges disse...

Ó minha amiga

quem de nós não teve um pai assim?!? Quem de nós não teve de aprender a amá-lo mesmo assim e compreender que uma casa farta em comida é a sua forma de mostrar que nos ama? Que se preocupa?

Quem de nós não teve um pai assim, não terá com certeza de construir uma família com base nessas carências.

Todos nós escolhemos os pais onde nascemos para com eles, nas suas formas de ser, aprendermos quem queremos ser!

Fácil de falar, bem sei o que te digo, estou contigo nessa dificuldade em resistir a mudar a forma como as coisas são, mas talvez por isso ambas tenhamos a vontade de criar a nossa família, só podemos esperar não cometer os mesmos erros, mas acredita...cometeremos outros! Ó se cometeremos! Talvez um dia seja a tua filha a escrever algo desse género, já pensaste nisso?

Não é fácil, aqui vem uma aprendizagem dura, aceitar quem temos à frente. Isso não quer dizer que concordemos com as suas coisas, mas aceitamos e compreendemos que na sua forma de ser eles estão mesmo a dar o seu melhor!

Bom amiga, as feridas são para serem curadas, esperemos que ambas consigamos limpar as nossas para as purificar na ribeira viva do Entendimento!

Beijocas

Essencialma disse...

Borboletinha...que lindo texto...
é tão dificil não é?! descobrir o caminho para a frente quando o que ficou para trás continua a afectar tudo o que somos hoje...é tão dificil, quando tentamos trabalhar esses acontecimentos para seguir em frente, e nos é demonstrado a cada momento que aquele passado continua presente!
Sabes ao ler o teu texto, e ao escrever este comentário não consigo não sentir cada palavra, como se elas se cravassem no peito, tal é o seu peso,e um grande nó se forma...Compreendo-te tão bem...é muito dificil, e sabes essa é uma questão para o qual continuo com dificuldades em encontrar a saída!
Uma vez disseram-me, que o caminho estava em olhar para trás, e não em olhar para a frente, para a vida poder fluir...eu tento, mas a cada vez que tento trabalhar os acontecimentos passados, algo no presente os reafirma...tal e qual...
Dizem que são as nossas vidas anteriores, que tem um preço muito elevado a pagar com eles, e que o objectivo é aprendermos a amar juntos, e qd eles n querem, n têm consciência?!
Para mim é muito dificil sair desta roda, mas não desisto...a cada dia tento ser o melhor de mim, sentir o mais amor que consigo, para quem sabe um dia chegar lá...não sei se é perdoar, se é agradecer o que de bom tive, ou se é apenas sentir um AMOR por essa alma que n sei onde foi parar, nem sei como recuperar...mas acredito que um dia após tantas vitórias interiores chegarei lá, no momento em que estiver preparada e o caminho me for apontado!
Quanto a ti borboletinha, espero que seja mais fácil para ti...porque como sabemos a chave está dentro, e só dando o melhor de nós podemos esperar que algo ao nosso redor mude, e mesmo assim é sem compromisso...unica e exclusivamento pelo facto de SERmos mais...mais alto, com mais amor, com mais luz!

Tinha saudades tuas...gosto muito de ti...e este texto mexeu...acho que foste mais um meio que fez mexer tudo cá dentro...e assim continua a nossa partilha!

Beijos cheios de luz, e com muito, muito amor...FELIZ 2010

Anónimo disse...

Também gostava, sabias?!

Só não consigo por em palavras como tu! I just keep everything inside!

Beijocas de saudade*

P.S.Talvez te vá visitar em fevereiro! =)

Marise Catrine disse...

Shin my darling,

Já li/analisei/pensei muito sobre essa questão de nós os escolhermos. Faz todo o sentido. Por isso agradeço a aprendizagem que devo retirar daqui. Há dias em que aceito, há dias em que revolto... pois o tempo só tem acentuado estes desencontros. Talvez um dia eu chegue lá, mas recuso-me a não construir um ninho melhor. Afinal, foi para isso que o devo ter escolhido.
Obrigada pelas palavras. Sempre sábias, sempre conselheiras...
I love U
***

Marise Catrine disse...

Essencialma,

Minha querida. Muito obrigada pela tua partilha e compreensão para com o meu caminho.
Olhar para trás é importante na medida em que nos vai ajudar no caminho a seguir. Aprendemos (ou deveriamos aprender) com os erros. Há dias estava nas limpezas e houve uma frase que algém disse na televisão e que me ficou gravada. Era qualquer coisa como "as alegrias são boas mas não nos ensinam nada. Com o sofrimento é que aprendemos". Nesse sentido, eu talvez deva olhar de outra forma para os momentos negativos que me têm marcado.
Assim, e com AMOR, podemos seguir em frente.
Obrigada por estares aí. Também gosto muito de ti.

****

Marise Catrine disse...

Essencialma,

Minha querida. Muito obrigada pela tua partilha e compreensão para com o meu caminho.
Olhar para trás é importante na medida em que nos vai ajudar no caminho a seguir. Aprendemos (ou deveriamos aprender) com os erros. Há dias estava nas limpezas e houve uma frase que algém disse na televisão e que me ficou gravada. Era qualquer coisa como "as alegrias são boas mas não nos ensinam nada. Com o sofrimento é que aprendemos". Nesse sentido, eu talvez deva olhar de outra forma para os momentos negativos que me têm marcado.
Assim, e com AMOR, podemos seguir em frente.
Obrigada por estares aí. Também gosto muito de ti.

****

Marise Catrine disse...

Karin,

Por isso é que insisto tanto em certas coisas e me aborreço contigo tantas vezes. Por achar que deviamos ser mais próximas do que somos; valorizar mais o que temos e aceitar melhor os conselhos umas das outras.
****

IdoMind disse...

Marise, a vida é uma Brise

Que passa rápido demais para conseguirmos a grandiosa proeza de mudar quem quer que seja.

Muitas vidas às vezes não bastam...

Por isso,
Não esperes que o telefonema venha.
Telefona tu.
Não aguardes o abraço, dá-o tu.
Não te sentes, moendo e remoendo a ausência das palavras simples, que melhoram o nosso dia como " Olá é só para saber como estás". Diz tu.

Mesmo que do outro lado a resposta não seja a que tu querias.
O que quer que faças, faz POR TI. O resto...é caminho alheio.

Não o censures, entende que há coisas e tempos diferentes dos nossos.

Beijos marise linda

Marise Catrine disse...

Querida "Mind",

Palavras sábias e de conforto (isso é de família). Compreendo o que dizes e tenho tentado aceitar... muito! Mas é também por perceber que este é o caminho dele que já percebi que não posso alterar nada. Resta-me viver a brisa de uma outra forma
;)

Beijocas grandes

costela de adão disse...

Quem sabe um dia minha querida?! E como compreendo a vontade de dizer tanta coisa se as lágrimas e os nervos não nos traíssem. Beijinhos

Marise Catrine disse...

É isso mesmo minha amiga.
Sejamos saudáveis aprendizes, ao menos.
;)
**

Maria de Fátima disse...

Olá Marise the Brise, como eu te entendo.Por muitos anos que passem na nossa vida é difícil esquecer quem nos causou tanto mal, magoa cá dentro.Mas temos sempre de lutar para melhorarmos enquanto Seres de Amor e Luz.Beijocas grandes linda.

Marise Catrine disse...

Hello!
Neste caso não me causou mal directo. Apenas se desligou do essencial a pensar que o material bastava. Não tenho mágoa mas sinto-me triste por sentir que podiamos viver mais intensamente esta relação de pai e filha.

Obrigada pela presença.
Beijocas